14 de setembro de 2007

Fetichismo da Mercadoria


Cercados de conceitos e formas de como devemos viver e agir. Estamos inseridos em uma sociedade capitalista, na qual os valores morais de nada importam. Observamos em nosso cotidiano as disparidades e as mazelas que o povo brasileiro sofre, mas parece que o mesmo não se importa, talvez tenha se acomodado, ou ainda não tenha acordado de seu estado de letargia.
Como debatido em aula, o pobre que mora nas periferias de São Paulo e outras cidades do Brasil deve se comportar como um “bom pobre”. Alheio aos problemas, ele deve apenas trabalhar muito, não se queixar, e evitar andar em lugares onde os ricos passeiam e claro; nunca pensar em empunhar uma arma para cometer crimes.
O modo de produção capitalista e a alta concentração de renda na mão das minorias geram inúmeras problemáticas, complexas de serem resolvidas. As propagandas emitidas em outdoors, banners de estabelecimentos comerciais e todo tipo de mídia comercial impõe as pessoas padrões de beleza e moda, padrões que a maioria da população não pode ter, fomentando o desejo de algo que nunca estará ao seu alcance.
A desumanização do homem, fruto das extensas jornadas de trabalho ao qual nos submetemos, já mostrado por Chaplin no filme “Tempos Modernos”, é explicado também em Adorno no qual dentro da indústria cultural, todos somos objetos de trabalho e de consumo, pois na ânsia de obter o “padrão” que não temos, aprofundamo-nos em nosso labor, no intento de algum dia “ter” aquilo que tanto queremos dando cada vez mais espaço ao individualismo.

10 de setembro de 2007

Tropa de Elite


Usado pelo BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro o Caveirão foi desenvolvido como um carro militar e é usado no combate ao tráfico que cerca os morros e comunidades carentes do Rio.
Conhecido pelas frases que são emitidas de dentro do veículo como: " Se você deve, eu vou pegar a sua alma", possui em sua lateral o símbolo do BOPE que se constitui de uma caveira empalada numa espada sobre duas pistolas douradas. A polícia que deveria ser a instituição que cuida da integridade e segurança da população é motivo de medo e pânico.
Sem fazer distinções entre moradores e traficantes, o BOPE tem praticado um genocídio, sempre sobre a égide do combate, e ao contrário do que afirmam os policiais, os corpos das pessoas mortas apresentam provas de execuções sumárias como tiros no peito e nuca.
O Brasil vive hoje um momento em que a violência se banalizou, estamos acostumados a assistir ao JN (Jornal Nacional) e ver imagens de pessoas mortas, tiroteios e guerras, a violência virou sinônimo de ibope, a desgraça alheia é hoje uma das formas de se conseguir dinheiro.
E o mais triste é saber que medidas como as usadas pelo BOPE só contribuem para o aumento da violência e uma maior afinidade por parte dos moradores do morro pelos traficantes. Porque é fato que os traficantes não matam ninguém, a não ser que seja um dedo duro, pelo contrário, muitos oferecem aquelas pessoas esquecidas e marginalizadas o que o Estado não oferece como proteção, dinheiro para compra de remédios e outros serviços.
O tráfico é uma das maiores fontes de dinheiro do país e continua a ser sustentado por policiais corruptos e a população que vive numa realidade paralela, que não move um músculo se quer em prol de melhores condições para um povo tão sofrido como esse que vive nas favelas, e é claro faz isso porque essa REALIDADE aqui detectada está longe deles, mas eu digo o contrário, ela está bem ao lado, como pode ser visto nos edifícios de luxo do Recreio dos Bandeirantes e ao lado separados por uma avenida os morros.
Mais importante ainda é salientar como é dito pelo Chefe da Polícia do Rio, Hélio Luz em circunstância do documentário de João Moreira Salles "Notícias de uma Guerra Particular" quando afirma que o tráfico é sustentado também por nós, quando oferecemos uma propina ao policial para não tomar uma multa, ou qualquer outro tipo de suborno. A conversa de que a malandragem está embutida no DNA do brasileiro não passa de conversa furada, ou melhor conversa pra boi dormir. É preciso sim lutar por uma sociedade melhor livre de preconceitos e que busque acima de tudo a justiça.
A vida é um dom e ninguém tem o direito de tira-la, seja policial ou traficante, a lei serve para que aqueles que a desafiaram sejam devidamente punidos.
Previsto para estrear em Setembro de 2007, o filme "Tropa de Elite" de José Padilha mostra o despreparo e a violência usada pelo BOPE, sendo que no Rio de Janeiro já pode ser comprado em camelôs por apenas R$ 10,00 devido vazamento do material.
Pude assistir alguns trechos do filme e é bom para se pensar, as cenas são violentas, quem não gosta é aconselhável não assistir, porém as vezes é sempre bom uma boa dose de REALIDADE.