20 de maio de 2008

Stickers



Basta andar pelas ruas das grandes metrópoles do mundo para nos depararmos com os mais diversos tipos de arte urbana. Nascido como uma vertente do grafite, o sticker, ganhou popularidade na década de 1990, e é conhecido por ser facilmente produzido. Não existe um padrão a ser seguido, o intuito é mostrar por meio dos desenhos suas mensagens e críticas. Para isso só é preciso a impressão dos adesivos, ou lambe-lambes que são feitos com caneta, xerox, serigrafia ou tintas plásticas.

Por se tratar de um movimento marginal (segundo o dicionário Houaiss em uma de suas definições: que vive a margem do meio social em que deveria estar integrado) não se sabe ao certo qual é a sua origem, porém o início dessa nova modalidade é atribuído ao americano Shepard Farey, que infestou as cidades norte-americanas com imagens do campeão de luta-livre André Giant.

Com a propagação de stickers ao redor do mundo, hoje encontramos em diversas cidades do Brasil, o trabalho desses novos artistas que são facilmente vistos por entre as paisagens de concreto. Os lugares mais comuns para se ver um sticker são nas placas de sinalização, paredes, postes, pontos de ônibus e muros das ruas.

Como forma de apresentar esse movimento aos jovens, o SESC Santo André tem realizado sua oficina de stickers, no qual as pessoas têm a oportunidade de criar seus desenhos e depois colá-los em um mural especialmente feito para divulgar a arte. (link do blog do SESC Santo André, com imagens do mural, http://www.ilivresantoandre.blogspot.com/). O idealizador dessas oficinas, Rafael Spaca, diz que: A idéia é fazer uma contraposição, fazer uma coisa associada à tecnologia com o uso do computador. “Os desenhos são criados no Paint, customizados e depois colocados no papel adesivo, justamente para dar esse contraste da arte urbana, num painel límpido e branco “.

“Acho a intervenção no espaço público sadia, é uma crítica em relação a algumas coisas, e eles usam esses elementos justamente para direcionarem críticas a pessoas que não tem relação com a arte. Eles vão de encontro às pessoas que não estão acostumadas, é óbvio que eu não sou a favor quando obstrui alguma sinalização.”comenta Spaca.

Segundo a Lei Ambiental N°9.605, de 12 de Fevereiro de 1.998, artigo. 65 é proibido pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano, sendo que a pena para tal ato constitui-se de detenção, de três meses a um ano, e multa. Porém também está previsto em nossas leis que o direito de expressão é livre, mas é vedado o anonimato.

O estudante Rodolfo Reina (apelido Rodox), 15 anos, morador de São Bernardo diz: “Quando eu estou colando as pessoas falam que é pixação (por não saberem que se trata de um sticker) que não pode fazer isso, mas por outro lado acho que é interessante, mas muitos pensam que é vandalismo, você faz a sua arte”. O assunto em questão é interessante porque trás diversas discussões a respeito dessas novas expressões artísticas. Se realmente o grafite e o sticker, podem ser considerados como tal.

O filósofo e professor Marcelo Carvalho diz que a arte em um âmbito geral virou mercadoria, e que quando a arte ganha a rua, ela está no lugar mais adequado.
“O critério para interferir no espaço urbano é o dinheiro” explica Carvalho.
Rafael Spaca diz que na oficina realizada no SESC Santo André, os interessados não aprendem somente sobre como fazer o sticker, mas também é apresentado aos alunos uma linha do tempo sobre a arte, desde Michelangelo ao grafiteiro Zézao (artista que entra nas galerias de esgoto e as pinta, fotografando suas obras e publicando no seu blog.) para que possam constituir melhor seus desenhos.

Rodolfo Reina conta que conheceu os stickers pelos lambes, papéis afixados com cola. “Eu começava com cola bastão e depois fui fazendo com farinha e água e depois com adesivo, papel vinil e tinta vinil, o outro era mais simples, uma folha de papel que você tirava xerox.” conta Reina.

Existe dento desse movimento coletivos que produzem um denominado tipo de sticker em alta escala e depois saem colando em diversos lugares, não se restringindo apenas ao seu bairro, mas também a outras cidades e países. Como é o caso do grupo SHN que colou uma grande quantidade de stickers e pôsteres repetidos nas ruas de São Paulo.

A Internet facilita a comunicação entre os grupos, que trocam eventualmente seus desenhos com pessoas de outros países e cidades, para que possam divulgar seu trabalho a lugares que fisicamente não poderiam estar.
“Em São Bernardo, a gente marca todos que colam stickers, e nos econtramos no paço municipal onde trocamos e colamos outros desenhos. Todo primeiro domingo do mês tem o encontro no Masp, para encontrar novas pessoas e colar outros adesivos.” comenta o estudante, Samuel Santos, 15 anos, morador de São Bernardo.

Samuel conta que se interessou pelo movimento ao ver os adesivos espalhados pelas ruas de São Bernardo, e através de um amigo em comum com Rodolfo Reina, começaram a fazer seu próprio sticker. Para o rapper Kamau alguns stickers são bons, porque são intervenções que nos levam a reflexão, porém alguns deles só espalham seus desenhos para se promover.

“O grande equívoco é olhar essas artes com um olhar de julgamento” analisa o filósofo Marcelo Carvalho.

2 comentários:

Ester Tambasco disse...

oooi!!!

desculpa, eu andei meio sumida do blog. quero me acostumar a vir mais nos blogs pq o conteúdo é muito melhor que o dos fotologs... hehehe

mas vc tinha fotolog, não tinha? eu não tô achando o seu...

vou vir com mais calma ler os posts que perdi.

bj

Maria Clara Moraes disse...

Ai ai ai
como estas felipe?
nao foi no juca hein??? heheh
beijaoo